Florianópolis caminha pelos nebulosos labirintos do fascismo

No presente momento Florianópolis caminha pelos nebulosos labirintos do fascismo. Nossa frágil democracia mostra sua face totalitária e sanguinária. Em Florianópolis, vive-se num Estado de sítio em que a polícia, honrando o nome de seu líder Floriano, decide quem passa ou não passa. Todos são suspeitos até que se prove o contrário – e como é difícil provar!

Na manifestação da noite de hoje (02/06) a polícia compareceu determinada a liquidar (em todos os sentidos) o movimento social que se constrói em torno da situação do transporte “público” em Florianópolis. Dezenas de viaturas, cães famintos e policiais fortemente armados cercaram os manifestantes em frente ao Terminal Central (TICEN) impedindo qualquer movimentação. A polícia nos manteve numa espécie de cárcere público e mesmo a população que passava nos arredores sentia-se constrangida e temerosa com a operação de guerra montada para conter os perigosos “arruaceiros”.

A polícia filma a manifestação, fotografa e intimida os manifestantes, infiltra-se na multidão, persegue os “suspeitos”, etc. Recolhem um material para montar um detalhado dossiê que alimenta com informações os generais de dez estrelas que ficam atrás da mesa…

Apesar de tamanha mobilização policial, os atos espontâneos dos manifestantes ainda os surpreendem. Facilmente “olés” e cirandas são montadas e desnorteiam a repressão. A “ordem” só é mesmo mantida na base do choque. As armas de choque utilizadas pela polícia vêm sendo chamadas de “paus de arara portáteis”. Alegando ser o choque uma arma não letal a polícia utiliza-o indiscriminadamente e sem pudor. A tortura está legitimada em pleno centro da cidade.

Pau de arara nos remete aos tempos de ditadura civil-burguês-militar, os anos de chumbo. Um passado muito presente que se reproduz facilmente entre nós.

Estão todos juntos nessa empreitada em busca da manutenção da “ordem” e do “direito de ir e vir”. (i) A imprensa golpista que quer transformar o terminal numa passarela; (ii) os empresários do transporte e seus pares; (iii) o ministério “público”; (iv) a polícia; (v) os “representantes do povo” que parasitam o Estado; (vi) a igreja que silencia e cala os fiéis; e infelizmente (vii) os sindicatos e trabalhadores. Estes últimos são incapazes de escrever uma moção de apoio, fazer uma paralização para fortalecer o movimento e muito menos uma greve de solidariedade.

Não obstante todos os obstáculos fascistas que se erguem e revelam o rosto mais cruel de nossa democracia totalitária, a manifestação e os/as manifestantes seguem bravamente por quatro semanas nas ruas de Florianópolis em busca de uma vida sem catracas. E não desistiremos!

Na manifestação de hoje choveu. Mas enquanto chovia e os policiais distribuíam capas de chuva entre si, os bravos manifestantes seguiam de pé e cantavam “você vai pagar e é dobrado cada lágrima rolada nesse meu penar. Apesar de você amanhã há de ser outro dia”. Entoavam a uma só voz: “abaixo a repressão, ditadura não”. Apesar de não parecer, a repressão nos une ainda mais e encurrala a cada dia os fascistas.

Muitos companheiros(as) faltaram no Ato de hoje e isso não pode acontecer. Neste momento não há lugar mais importante para estar do que nas ruas. Tirem os pijamas e desliguem as TVs. Todos nós temos que participar e divulgar o que vem acontecendo. Não podemos recuar.

A absurda mobilização policial só revela o medo que toma conta da elite cretina dessa cidade. A organização popular põe a elite em constante estado de ameaça – a ameaça de que o povo tome o poder.

Vale a pena repetir: Que as classes dominantes tremam diante de tal ameaça! Nada temos a perder a não ser nossos grilhões!

Se vives nas sombras, freqüentas porões
Se tramas assaltos ou revoluções
A lei te procura amanhã de manhã
Com seu faro de dobermann

(Hino de Duran – Ópera do Malandro – Chico Buarque).

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