Uma das caracterÃsticas mais comuns daqueles que sabem estar agindo errado mas não tem coragem de admitir a própria culpa é jogar a responsabilidade em outros. Com o transporte coletivo de Florianópolis e região, não é diferente. Sucessivos aumentos pesam no bolso da população, mas ao invés de falar a verdade – que tarifas cada vez mais altas servem apenas para maiores lucros dos empresários do transporte -, desculpas são arranjadas.
As mais usuais são a inflação, melhoramentos nos serviços e supostos custos com os trabalhadores – tudo justificado com planilhas que só são acessÃveis para as empresas de ônibus. No entanto, o que se vê usualmente são aumentos muito acima da inflação*, poucas mudanças no transporte, com gastos muito inferiores aos ganhos com a alta da tarifa, e uma jogada polÃtica repetida: culpar motoristas e cobradores, mesmo que estes sigam sendo explorados e que seus salários e reposições representem uma parcela Ãnfima quando comparadas aos ganhos dos grupos que controlam, desde 1926, o transporte em Florianópolis.
Em 2015, o prefeito Cesar Souza Júnior e o consórcio Fênix querem novamente jogar trabalhador contra trabalhador, usando a medida covarde de justificar o aumento de 35 centavos na tarifa com base em mudanças em alguns poucos postos de trabalho.
Com algumas contas simples, é possÃvel ver que não é verdade: segundo o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (PLAMUS), são 465.584 viagens diárias via transporte coletivo. Multiplicando-se por 20 centavos – quanto a prefeitura diz gastar por excesso de cobradores -, são R$ 93.116,80 por dia, ou R$ 2.141.686,40 nos dias úteis no mês. Seria o suficiente para pagar R$ 4.000 para 535 funcionários, número muito superior à s mudanças em postos de trabalho e ao suposto excesso alegado pelo prefeito César Souza Júnior.
As mentiras e covardias são o padrão da prefeitura e dos empresários do transporte, preocupados apenas com os próprios interesses, enchendo os seus bolsos enquanto esvaziam o do povo. O aumento não é uma decisão técnica e necessária: é uma escolha polÃtica para aumentar lucros, mesmo que signifique explorar e excluir a população. Não seremos enganados e não aceitaremos nem aumento nem tarifa!
Vem pra luta contra a tarifa!
* Entre 2003/2013, a inflação acumulada foi de 81,52% , ao mesmo tempo em que a tarifa aumentou 133%. O aumento em 2015, de 35 centavos, representa 12,7% a mais, com uma inflação de em torno 6%.
Frente de Luta pelo Transporte Público,
13 de janeiro de 2015
